Julio Moreira*/Especial para BR Press
(São Paulo, BR Press) - Ontem foi a vez do Jornal da Cultura fazer uma análise crítica da cobertura do caso Isabella, entrevistando o professor Carlos Alberto Di Franco, especialista em ética da comunicação. Na entrevista, Di Franco demonstrou grande preocupação com o que ele chama de "troca do jornalismo pelo entretenimento".
Com as grandes audiências do caso Isabella, os telejornais estão deixando de fazer jornalismo e investindo em matérias apenas para continuar falando do caso, sem notícia. Matérias e mais matérias visando o Ibope. O irônico é que a entrevista com Di Franco foi ao ar logo após a matéria onde o Jornal da Cultura repetiu imagens do Fantástico do dia anterior.
Retórica
Foi também o que fez o Jornal Nacional. Quatro matérias onde o principal assunto foi a entrevista exclusiva que os suspeitos de assassinar a menina deram ao Fantástico. Quer dizer, matérias onde não havia notícia nova, apenas retórica.
Em situação pior ficou o Jornal da Record, que não tinha imagens da entrevista para repercutir. Na verdade, até fez uma coisa não muito louvável: entrevistou uma pessoa na rua desacreditando a veracidade das declarações dadas ao Fantástico.
Outra coisa que chamou atenção na cobertura do Jornal Nacional foi que as matérias do Caso Isabella agora são dividas entre os blocos e não mais agrupadas na abertura do jornal. E para confirmar a estrutura de minissérie que a TV Globo dá ao caso, no final do noticiário, uma nota dizia que nesta terça (22/04) haverá o depoimento dos avós paternos na delegacia de polícia.
Só faltou falar: veja as cenas do próximo capítulo.
(*) Julio Moreira é jornalista, diretor de vídeos e professor universitário. Trabalhou na TV Manchete, SBT e Record.
Extraído do site Yahoo