André D’Lucca se aventura atrás das câmeras
O ator e diretor mato-grossense finaliza no Rio de Janeiro o primeiro longa-metragem
Luiz Fernando Vieira Da Redação
O ator e diretor mato-grossense André D"Lucca, que ficou famoso no eixo Rio/São Paulo com os espetáculos Os Segredos de Almerinda e DivertidaMente, apronta mais uma. Depois de vários papéis na TV, desta vez se aventura na tela grande, como diretor. Ele acaba de começar o trabalho de edição de seu primeiro longa-metragem, Efeito Sanfona. Uma façanha, se for levado em conta que fez tudo praticamente na base do "pendura" e da amizade. Quer dizer, além da ajuda dos amigos, dividiu tudo em nada suaves prestações. Para poder pagar, vem se apresentando bastante no teatro.
André D"Lucca, além dos êxitos no teatro, tem feito participações especiais em programas de TV na Rede Globo e conseguiu construir uma sólida carreira também na terra dos patrícios lusitanos. Sorte? Certamente ela ajuda um pouco, mas no caso dele é tudo fruto de dedicação e foco no que acredita. Há alguns anos era possível encontrar um ainda pouco conhecido André perambulando pelas praças do centro de Cuiabá, fazendo "laboratório" com a personagem Almerinda.
Uma imagem difícil de ser apagada da mente. Ele, vestido de mulher, com uma peruca loura de óculos escuros, fingindo ser uma socialite em pleno ponto de ônibus da praça Alencastro. Atrás do ator seguia um bando de crianças, atraídas pela situação inusitada. Tanta aplicação na preparação de um papel fez com que o espetáculo protagonizado pela tal mulher virasse sucesso, primeiro em Mato Grosso, depois, no Rio de Janeiro. E sob a direção de duas experts em comédias: Ingrid Guimarães e Heloisa Perissé.
André chegou a voltar a Cuiabá para mostrar o trabalho, depois das adaptações, mas a partir daí só de passagem mesmo. Já faz alguns anos que ele deu um tempo maior na cidade. Fez inclusive uma exposição de artes plásticas com a mulher, a portuguesa Liliana Rosa. Logo depois seguiria para Portugal onde ficaria um bom período. Lá ensinou e aprendeu técnicas teatrais e trouxe inovações para o Brasil como o espetáculo Cirquinho de Luísa, para crianças de seis meses a seis anos de idade. As sessões, conta ele, estão sempre com a capacidade esgotada no Rio.
Cinema - André D"Lucca tem um espírito inquieto. Ele está sempre buscando algo novo para fazer e não tardaria até que enveredasse por outro campo das artes cênicas: o cinema. O mais provável, em se tratando de pessoas comuns, seria ficar um tempo fazendo papéis na telona até encarar a direção. Ele não quis esperar muito. Depois de algumas participações, decidiu que queria fazer o próprio filme. O resultado é Efeito Sanfona, longa-metragem que está com as filmagens finalizadas, revelado e telecinado (processo que transfere as imagens do filme para o vídeo).
Agora ele inicia uma outra etapa, a finalização. A edição do filme está sendo iniciada esta semana e, se tudo der certo - o que significa, também, conseguir um pouco mais de recursos -, em breve a obra estará pronta, talvez para tentar o festival de Brasília. "Preciso levantar R$ 40 mil para poder colocar o trabalho no Festival de Brasília. Estou atirando para todo lado, fazendo um espetáculo atrás do outro. Estou trabalhando só para o filme", revela. A vantagem é que André conseguiu se firmar no mercado carioca e consegue sempre boas bilheterias.
Essa, no entanto, é apenas uma pequena parte da história com o longa. "Fiz o filme sem um real de patrocínio. Vou pagando aos poucos", explica. Simplesmente "abriu o jogo" para produtores, atores e empresas do ramo de cinema e foi conseguindo apoio. E ele veio de gente de peso. A atriz Fernanda Montenegro disse que adorou o roteiro e só não gravou por falta de agenda. Laura Cardoso também se mostrou bastante interessada, mas também não pôde.
Os atores que toparam participar o fizeram em sistema de cooperativa e terão direito a uma porcentagem da bilheteria. No caso do filme virgem, a Kodak deu um bom desconto, mas mesmo assim, ainda pesou. A Labocine deu desconto na revelação e edição. "Não consegui dinheiro, mas consegui coisas que reduziram os custos", festeja. André calcula que, se tivesse que pagar tudo, o filme sairia por uns R$ 3 milhões no total. Porém, só precisou investir R$ 80 mil.
Foram três semanas e meia de filmagens em que ele usa linguagem diferente do convencional. Usa o plano sequência, com poucos cortes, poucas coberturas. Tem planos sequência de oito minutos, calcula. As locações foram todas em lugares que realmente existem. Ele não usou estúdios. Um amigo emprestou a cobertura, fez tomadas nas praias do Rio e em Niterói.
Efeito Sanfona conta a história da modelo internacional Sandra Alencar (Mônica Vilela) que, ao casar, resolve se afastar das passarelas mesmo no auge da carreira. Ela queria se dedicar ao marido Giovanne (Marcos Breda). Dez anos depois e com 30 quilos a mais ela enfrenta um pesadelo: seu marido sai para trabalhar e não retorna para casa. Então é acusada pela mídia e pela polícia de estar envolvida nesse desaparecimento.
Os acontecimentos forçam Sandra a resgatar a infância e a relação com a avó (Amélia Bittencourt). Sua jornada é marcada pelo convívio com Vera (Mariana Santos), Antônia (Gottsha) e Helena (Liliana Rosa), suas amigas íntimas. O filme mostra, com bom humor, a dramática trajetória da ex-modelo na tentativa de retomar o passado e enfrentar os acontecimentos presentes carregando com ela uma única certeza, a de que o agora jamais será como antes. E muita atenção para o final, onde uma revelação fará uma ponte com as raízes do ator e diretor.
É mais um desafio que André D"Lucca enfrenta e que surgiu justamente de um momento complicado em sua carreira. Ele conta que fez, no ano passado, a novela Sete Pecados (Rede Globo), porém sofreu um acidente. Foi para Portugal e ficou de cama, em recuperação. Ficou um mês deitado e aproveitou para produzir. Foi nesse período que a história tomou forma para, no primeiro semestre deste ano, entrar em pré-produção com filmagem nos meses de julho e agosto no Rio de Janeiro.
Uma experiência totalmente nova para quem vinha do teatro e de apenas algumas participações em cinema. Teve a seu comando uma equipe de mais de 60 pessoas, entre elas dois renomados profissionais como Dib Lutfi na direção de fotografia e Juarez Dagoberto no som direto. Sem contar, evidentemente, com o elenco recheado de experientes atores. "Foi uma escola de cinema", salienta, anunciando que já está com outro projeto em vias de começar. "Em fevereiro começo a rodar o próximo longa. A história de cinco universitárias que se unem para mudar de vida. Na minha proposta as atrizes vão me ajudar a arrecadar dinheiro para começar a rodar o filme. Elas já confirmaram a participação. Preciso arrecadar pelo menos R$ 100 mil para começar", calcula.
O ator e diretor mato-grossense finaliza no Rio de Janeiro o primeiro longa-metragem
Luiz Fernando Vieira Da Redação
O ator e diretor mato-grossense André D"Lucca, que ficou famoso no eixo Rio/São Paulo com os espetáculos Os Segredos de Almerinda e DivertidaMente, apronta mais uma. Depois de vários papéis na TV, desta vez se aventura na tela grande, como diretor. Ele acaba de começar o trabalho de edição de seu primeiro longa-metragem, Efeito Sanfona. Uma façanha, se for levado em conta que fez tudo praticamente na base do "pendura" e da amizade. Quer dizer, além da ajuda dos amigos, dividiu tudo em nada suaves prestações. Para poder pagar, vem se apresentando bastante no teatro.
André D"Lucca, além dos êxitos no teatro, tem feito participações especiais em programas de TV na Rede Globo e conseguiu construir uma sólida carreira também na terra dos patrícios lusitanos. Sorte? Certamente ela ajuda um pouco, mas no caso dele é tudo fruto de dedicação e foco no que acredita. Há alguns anos era possível encontrar um ainda pouco conhecido André perambulando pelas praças do centro de Cuiabá, fazendo "laboratório" com a personagem Almerinda.
Uma imagem difícil de ser apagada da mente. Ele, vestido de mulher, com uma peruca loura de óculos escuros, fingindo ser uma socialite em pleno ponto de ônibus da praça Alencastro. Atrás do ator seguia um bando de crianças, atraídas pela situação inusitada. Tanta aplicação na preparação de um papel fez com que o espetáculo protagonizado pela tal mulher virasse sucesso, primeiro em Mato Grosso, depois, no Rio de Janeiro. E sob a direção de duas experts em comédias: Ingrid Guimarães e Heloisa Perissé.
André chegou a voltar a Cuiabá para mostrar o trabalho, depois das adaptações, mas a partir daí só de passagem mesmo. Já faz alguns anos que ele deu um tempo maior na cidade. Fez inclusive uma exposição de artes plásticas com a mulher, a portuguesa Liliana Rosa. Logo depois seguiria para Portugal onde ficaria um bom período. Lá ensinou e aprendeu técnicas teatrais e trouxe inovações para o Brasil como o espetáculo Cirquinho de Luísa, para crianças de seis meses a seis anos de idade. As sessões, conta ele, estão sempre com a capacidade esgotada no Rio.
Cinema - André D"Lucca tem um espírito inquieto. Ele está sempre buscando algo novo para fazer e não tardaria até que enveredasse por outro campo das artes cênicas: o cinema. O mais provável, em se tratando de pessoas comuns, seria ficar um tempo fazendo papéis na telona até encarar a direção. Ele não quis esperar muito. Depois de algumas participações, decidiu que queria fazer o próprio filme. O resultado é Efeito Sanfona, longa-metragem que está com as filmagens finalizadas, revelado e telecinado (processo que transfere as imagens do filme para o vídeo).
Agora ele inicia uma outra etapa, a finalização. A edição do filme está sendo iniciada esta semana e, se tudo der certo - o que significa, também, conseguir um pouco mais de recursos -, em breve a obra estará pronta, talvez para tentar o festival de Brasília. "Preciso levantar R$ 40 mil para poder colocar o trabalho no Festival de Brasília. Estou atirando para todo lado, fazendo um espetáculo atrás do outro. Estou trabalhando só para o filme", revela. A vantagem é que André conseguiu se firmar no mercado carioca e consegue sempre boas bilheterias.
Essa, no entanto, é apenas uma pequena parte da história com o longa. "Fiz o filme sem um real de patrocínio. Vou pagando aos poucos", explica. Simplesmente "abriu o jogo" para produtores, atores e empresas do ramo de cinema e foi conseguindo apoio. E ele veio de gente de peso. A atriz Fernanda Montenegro disse que adorou o roteiro e só não gravou por falta de agenda. Laura Cardoso também se mostrou bastante interessada, mas também não pôde.
Os atores que toparam participar o fizeram em sistema de cooperativa e terão direito a uma porcentagem da bilheteria. No caso do filme virgem, a Kodak deu um bom desconto, mas mesmo assim, ainda pesou. A Labocine deu desconto na revelação e edição. "Não consegui dinheiro, mas consegui coisas que reduziram os custos", festeja. André calcula que, se tivesse que pagar tudo, o filme sairia por uns R$ 3 milhões no total. Porém, só precisou investir R$ 80 mil.
Foram três semanas e meia de filmagens em que ele usa linguagem diferente do convencional. Usa o plano sequência, com poucos cortes, poucas coberturas. Tem planos sequência de oito minutos, calcula. As locações foram todas em lugares que realmente existem. Ele não usou estúdios. Um amigo emprestou a cobertura, fez tomadas nas praias do Rio e em Niterói.
Efeito Sanfona conta a história da modelo internacional Sandra Alencar (Mônica Vilela) que, ao casar, resolve se afastar das passarelas mesmo no auge da carreira. Ela queria se dedicar ao marido Giovanne (Marcos Breda). Dez anos depois e com 30 quilos a mais ela enfrenta um pesadelo: seu marido sai para trabalhar e não retorna para casa. Então é acusada pela mídia e pela polícia de estar envolvida nesse desaparecimento.
Os acontecimentos forçam Sandra a resgatar a infância e a relação com a avó (Amélia Bittencourt). Sua jornada é marcada pelo convívio com Vera (Mariana Santos), Antônia (Gottsha) e Helena (Liliana Rosa), suas amigas íntimas. O filme mostra, com bom humor, a dramática trajetória da ex-modelo na tentativa de retomar o passado e enfrentar os acontecimentos presentes carregando com ela uma única certeza, a de que o agora jamais será como antes. E muita atenção para o final, onde uma revelação fará uma ponte com as raízes do ator e diretor.
É mais um desafio que André D"Lucca enfrenta e que surgiu justamente de um momento complicado em sua carreira. Ele conta que fez, no ano passado, a novela Sete Pecados (Rede Globo), porém sofreu um acidente. Foi para Portugal e ficou de cama, em recuperação. Ficou um mês deitado e aproveitou para produzir. Foi nesse período que a história tomou forma para, no primeiro semestre deste ano, entrar em pré-produção com filmagem nos meses de julho e agosto no Rio de Janeiro.
Uma experiência totalmente nova para quem vinha do teatro e de apenas algumas participações em cinema. Teve a seu comando uma equipe de mais de 60 pessoas, entre elas dois renomados profissionais como Dib Lutfi na direção de fotografia e Juarez Dagoberto no som direto. Sem contar, evidentemente, com o elenco recheado de experientes atores. "Foi uma escola de cinema", salienta, anunciando que já está com outro projeto em vias de começar. "Em fevereiro começo a rodar o próximo longa. A história de cinco universitárias que se unem para mudar de vida. Na minha proposta as atrizes vão me ajudar a arrecadar dinheiro para começar a rodar o filme. Elas já confirmaram a participação. Preciso arrecadar pelo menos R$ 100 mil para começar", calcula.