28.2.08

Entrevista para Marise Simões


Ontem fui entrevistado pela jornalista e editora Marise Simões. Uma simpatia de pessoa e profissional. Segue abaixo a entrevista:

1- Você sempre quis ser um ator? Com quantos anos atuou pela primeira vez?

Quando eu era criança, eu dizia que queria ser PAI quando fosse adulto. Achava que era uma profissão. Depois por insistência de minha mãe decidi que seria Médico, mas não tinha muita certeza. Sempre detestei aquele cheiro de hospital. Quando entrei para o segundo grau em 1990 assisti uma peça de Teatro. Fiquei maravilhado. Entendi naquele momento que era aquilo que eu queria fazer para o resto da vida. Imediatamente me matriculei num curso de interpretação. Eu tinha 13 anos quando participei da minha primeira montagem amadora “Feliz Aniversário”. Até 1999 participei de algumas companhias teatrais, atuei em dezenas de espetáculos. Então decidi que era hora de andar sozinho. Profissionalizei-me em 2000 e comecei a montar meus próprios textos, geralmente monólogos.

2- E o Curso de Direito, ocorreu paralelamente? Chegou a advogar?

Pois é, fiz 5 anos de direito e advoguei por 1 ano. Confesso que foi o ano mais infeliz da minha vida. Eu vivia com uma pilha de processos na minha mesa, todos com prazo para o mesmo dia. Uma loucura. Eu era um ótimo advogado, mas não tinha paz de espírito. Fiz direito porque minha mãe insistia que eu tinha que ter uma profissão séria. Que investiu em mim a vida toda e eu retribuía sendo ator? Estava indignada. Fiz a faculdade e entreguei o diploma pra ela. Eu disse: Agora vou viver minha vida.
Mesmo durante a faculdade eu continuava em cartaz com minhas peças. Às vezes saía de uma audiência e corria para o palco.

3- Em que momento sentiu que deveria deixar Cuiabá, sua cidade natal, para tentar a carreira de ator no Rio?

Foi logo depois de advogar durante um ano todo, achei que era hora de pensar no meu bem estar. Isso foi em 2000. Montei a primeira versão de Almerinda e foi um sucesso. Eu estava super bem em Cuiabá, mas algo me dizia que era hora de abandonar o ninho.
Vim para o Rio sem conhecer nada nem ninguém. Apenas com um sonho na cabeça.

4- Tem uma passagem interessante, onde você ficou por muito tempo na porta de um teatro tentando mostrar seu trabalho para Ingrid Guimarães e Heloiśa Pèrissè. Conte para nossos leitores como foi?
(risos) Isso é verdade. Eu estava disposto a convencer a Ingrid e a Lolo a me dirigirem. Fiquei dois meses indo todos os dias na porta do Teatro das Artes onde elas estavam em cartaz com Cócegas. Eu sempre falava com elas na saída. Elas estavam sempre com pressa. Já havia entregue o texto, o projeto e nada acontecia. Um dia resolvi chegar bem cedo no horário que elas chegavam pra fazer a peça. Pedi 5 minutos pra eu mostrar uma cena. Elas me levaram ao camarim. Fiz a cena e imediatamente elas toparam dirigir a peça.

5- É difícil fazer humor? De onde vem sua veia cômica?
Eu nunca me imaginei fazendo comédias. Sempre montei dramas. Um belo dia escrevi uma comédia “Antes só, que só acompanhado” porque ouvia o público falando: A vida já é tão complicada, a gente quer é sorrir. A comédia foi um sucesso. Na saída do espetáculo eu percebia a satisfação nos olhos do público. Então mergulhei no assunto e descobri vários benefícios no Riso. Estudos comprovam que doenças são curadas através de boas risadas.
É mais fácil fazer chorar do que sorrir. O meu segredo é me divertir (igual criança) quando estou em cena.

6- Além de ator, você também é produtor, roteirista, diretor de vídeos, contista, dramaturgo e artista plástico. Qual a receita para administrar todas essas coisas ao mesmo tempo?

Além de tudo isso ainda sou marido e pai (risos). Tempo é o que mais tenho. Como o tempo é relativo, o segredo para se ter tempo para tudo que se quer realizar é nunca reclamar da falta de tempo. Quando se acredita que tem muito tempo, ele realmente sobra. Todos os dias vou a academia, leio, cuido da minha filha, ensaio, cuido da casa com minha esposa, namoro, escrevo textos, respondo e-mails, cuido dos meus projetos... e ainda sobra tempo para o ócio.

7-Dentre seus trabalhos autorais, Os Segredos de Almerinda - peça que retorna à cidade este mês devido ao grande sucesso obtido ano passado no projeto Quartas do Riso - é um monólogo de uma socialite e seu conflitos. A pergunta que não quer calar: Em quem você se inspirou para criar a Almerinda?
Em muita gente conhecida e desconhecida. Todas as histórias narradas no texto são reais. Dentre as personalidade conhecidas me inspirei em Vera Loyola, Rosinha Garotinho (o corte de cabelo também), Hebe, Narcisa, Elza Soares, Clodovil (rs), Xuxa, Adriane Galisteu... a lista não tem fim.


8-Além dos seus projetos, tem um, em especial, onde atuam sua esposa e sua filha Luísa. Fale sobre essa nova proposta.
Eu e minha esposa temos vários projetos juntos. Um deles “Pilar da ponte de tédio” baseado nas obras do poeta Sá Carneiro representou o Brasil no festival internacional em Portugal.
Nossa nova parceria que envolve nossa filha Luísa de 10 meses é: “O cirquinho de Luísa”. Um espetáculo para Bebês de 6 meses a 6 anos de idade. Somos pioneiros no Brasil.
Luísa não atua. Eu sou o diretor do espetáculo. A peça é um monólogo interpretado por Liliana Rosa, minha esposa. Luísa nos ajudou na pesquisa e experimentação de todos os elementos do projeto. Uma espécie de consultora. Só usamos na peça o que ela aprovou, bateu palmas, sorriu ou ficou interessada. Luísa também é garota propaganda da peça. Ela cedeu sua linda imagem para o material de divulgação. Minha filha é linda.


9- E planos para o ano que está apenas começando. O que vem por aí?
Vem por aí a maior loucura da minha vida. Estou produzindo meu primeiro longa metragem independente. Chama-se “Efeito Dominó”. O roteiro é meu, produção, vou dirigir e atuar no filme. Devo finalizar no primeiro semestre. Espero que entre em cartaz em Petrópolis também.

10- Finalizando, deixe um recado para o público que estará no Teatro Paulo Gracindo no próximo dia 9 para assistir o espetáculo de comédia?
Gente, não percam essa hilariante comédia sucesso no Brasil e na Europa. Gargalhadas garantidas. Almerinda vai contar todos os segredos pra vocês. Quem já assistiu, venha rever e matar saudades, quem não viu é uma ótima oportunidade pra conhecer a Milionária mais maluca do País.

RÁPIDAS E RASTEIRAS

Uma paixão: Duas: Minha esposa e minha filha.

Melhor momento no palco: Quando fui aplaudido por uns 10 minutos ininterruptos após uma apresentação de Almerinda em Portugal.

Peça inesquecível: Todas que vi Paulo Autran atuando.

Um diretor: Liliana Rosa.

Se não fosse artista seria... desempregado. Não consigo me ver fazendo outra coisa.

Leis de Incentivo à Cultura: São ótimas para atores de televisão, pois a captação se torna fácil.

Fazer teatro no Brasil: Uma batalha diária que eu adoro.

Vaias são... Indícios fortes que algo tem que mudar.

Aplausos são... o reconhecimento do público. A glória.

André por André: Um cara batalhador que acredita nos seus sonhos e os torna realidade.