Ary Fontoura e Nicette Bruno

Era uma tarde de calor insuportável e fui escalado para uma cena externa ao lado do PROJAC. O Set era um bar. Numa quadra próxima havia um ônibus camarim. Alguns atores da novela aguardavam para gravar. Acredito que a parte chata de fazer TV é ficar aguardando. Às vezes ficamos horas e horas esperando.
Cansado do ar condicionado, fui pegar uma sauna do lado de fora do ônibus, sentado no meio fio. Piva e Raposo saíram para fumar um cigarro. Logo Nicette e Ary que haviam finalizado uma cena e aguardavam a próxima se juntaram ao grupo que esperava do lado de fora. Foi uma festa. Conversamos sobre tudo e mais um pouco: Teatro, Cinema, família, filhos, Tropa de Elite, Noel Rosa... Nicette e Ary contaram muitas, muitas histórias de suas carreiras. E noite chegou e nem percebemos. Como é bom esperar ao lado de pessoas tão interessantes. Essa dupla faz parte da história do teatro, tv e cinema brasileiro. Depois daquela tarde fazem parte da minha história. Obrigado.

Rosamaria Murtinho

Há alguns anos, fui convidado para gravar uma cena em Malhação. Eram três ou quatro falas, no máximo. Mas a cena era legal, e eu queria fazer bem feito. Convidei a atriz que fazia a cena comigo para passar o texto. Ela me olhou com um ar de desprezo e despejou: “Não ensaio cena”... Quando a cena foi ao ar entendi tudo. Estava na cara que ela não ensaiava.
Em “Sete pecados”gravei muitas cena com uma veterana, Rosamaria Murtinho. Já na nossa primeira cena, ela chamou o trio de seqüestradores (eu, Piva e Raposo) e disse: “Meninos, eu adoraria ensaiar. Vocês se incomodam?” Óbvio que não. Ensaiar era tudo que queríamos. E assim foi durante o mês de gravação do nosso núcleo. Ensaiávamos, criávamos coisas, Rosamaria sempre nos ensinava muito. Que mulher! Que atriz! Na hora de gravar as cenas fluíam de tal maneira que sempre saímos mais cedo... Quando as cenas iam ao ar estava claro pra mim: Ali houve trabalho de grupo.

Rosamaria Murtinho, muito obrigado. Um beijo na alma.

Priscila Fantin

Durante o intervalo de gravação da novela, enquanto mudavam a luz e cenário, fui descansar na sala de leitura. A mesa estava tomada por bonecos de biscuit. Uma vendedora empolgada oferecia os produtos a uma cliente interessada. Na hora lembrei da minha filha e seus dois primeiros dentinhos que apareceram no dia anterior. Eu descobri os dentes devido uma mordida no meu rosto. Reza a tradição (isso na época da minha avó) que a primera pessoa a ver os dentes tem que comprar um presente a criança. Perguntei a vendedora o que ela me sugeria. A cliente, Pricila Fantin, deu sua opinião:

"Esse é bem bonito, sua filha vai gostar."

Ela tinha razão. Avisei a vendedora que iria levar. Fantin completou: "Mas eu que vou oferecer esse presente a sua filha, posso?"

Claro que pode Fantin... conversamos por algum tempo, até que retornei as gravações. Fiquei impressionado com a simpatia, beleza, simplicidade e generosidade dessa estrela.

Pricila, muito sucesso, você merece tudo de melhor. Então faça o que sabe de melhor: Brilhe, cada vez mais.

Sete Pecados

Participar da novela "Sete Pecados" foi muito gratificante. Trabalhei com pessoas fantásticas. Adorei dar vida ao sequestrador Carlão. Contracenar com Guilherme Piva, Rafael Raposo e a tão querida Rosamaria Murtinho valeu a dor de uma fratura nas últimas cenas da novela. Comento isso depois. Agora, ser dirigido por Jorge Fernando... isso não tem preço.



da esquerda para direita: Eu, Piva, Raposo e Rosamaria.