23.4.08

Caso Isabella Nardoni - Desabafo de Paula Rego


Há dias que se acompanha incansavelmente o caso da menina que foi atirada do 6º andar de um prédio em SP.As opiniões são variadas.As versões que aparecem também são bastante diversificadas.Hoje, depois da entrevista que o pai e a madrasta deram no Fantástico, passei o dia pensando nisso.Li e reli uma série de coisas.Vi vários vídeos na internet e há uma série de contradições no caso.Não sei se porque eu sou uma pessoa sabidamente sem maldades e com uma dose cavalar de inocência saindo por todos os poros ou se realmente esse caso é muito para a cabeça de um ser humano normal, mas eu não consigo conceber como alguém, seja quem for, é capaz de esganar uma criança e atirá-la pela janela.Ainda mais pelo pai!
Eu não tenho embasamento para falar sobre filhos, eu não sou mãe e ainda estou longe de ser.Preciso terminar de tirar as minhas próprias fraldas.Mas eu sou tia e madrinha, postos que não se comparam aos maternais, mas que dão a dimensão da capacidade que temos de amar uma criaturinha linda,risonha, que vem atrás de você pela casa dizendo "titititi" e eu não entendo como uma pessoa, sendo PAI, algo muito superior à uma relação de apadrinhamento, pode ser capaz de tanta crueldade e tanta desfaçatez.
Uma menina de seis anos tem possibilidades muito limitadas de defesa.É, antes de tudo, covardia tentar algo contra uma criança.Uma palmadinha ainda vai bem, se dada no momento oportuno e pelos pais, logicamente.Mas reza a lenda que Isabela começou a ser seriamente sacudida numa festa infantil, na noite do crime, por ter se comportado mal e ainda teria ouvido do pai algo como "-Você vai ver quando chegar em casa".Ao assistir a entrevista ontem, para mim ficou muito claro que o pai mentia o tempo todo.O corpo fala.Ele não conseguia focar o olhar em nada, ele não conseguia não desviar o olhar para a direita, o discurso parecia ter sido ensaiado, embora houvesse uma quantidade incontável de erros de português.Ele não tinha emoção e no único momento em que tentou chorar, soou forçado.Ele tem cara de psicopata.A revista Veja estampa na capa a manchete "Foram eles".Eu não costumo julgar nem pré-julgar ninguém e até acho que esta revista, especificamente, tenta manipular idéias.Mas está ficando cada minuto mais difícil não perceber que eles realmente têm culpa no cartório.Não digo isso nem pelas provas incontestáveis que vêm surgindo, mas digo também pela apatia deles.A madrasta chora copiosamente.Mas é um choro de medo.A cena dela indo depor não sai da minha cabeça.Era um bicho acuado.Não é uma dor, não é amor, não creio nem que seja arrependimento. A dor da perda, principalmente de uma perda dessa proporção, é algo imensurável e é sabido que quando a dor é violenta demais, ela anestesia.Mas não é o caso, definitivamente.A entrevista foi um teatrinho barato, uma encenação de quinta.Não comoveu ninguém, nem pessoas sensíveis até o último fio de cabelo, por qualquer coisa, tipo eu.Hoje começaram a alegar que ela sofreria de depressão pós-parto.Ok, mas este tipo de enfermidade gera um estranhamento da mulher para com o SEU filho, não para com o filho dos outros.Eles deram algumas pistas de comprometimento durante a entrevista.As histórias eram muito fantasiosas, para início de conversa.Quando ouvi a história do coração no box, na hora do banho, juro que me deu vontade de vomitar.Uma coisa que me chamou muito a atenção, além dos evidentes desvios corporais dos dois, foi o fato de na hora em que ele dizia o que havia prometido diante do caixão da filha, se perder brutalmente no raciocínio.Parecia que ele não sabia o que havia prometido e estava formulando a promessa naquele momento.Na verdade estava,né?Porque prometer perante o caixão da filha que vai encontrar o assassino é inóquo.E para ele seria fácil, era só ter um espelho por perto.Outra coisa foi o fato dele dizer que eles não têm acesso aos laudos, aos resultados...então por que estavam dando aquela entrevista??Diante de tudo, eu preciso confessar que apesar de odiar julgar qualquer pessoa que seja, na minha humilde opinião está claro que foram eles.Até porque, um inocente grita aos quatro ventos que é inocente.Ele não sossega enquanto não consegue provar a sua inocência.Mas eles parecem apáticos.Parecem que nada têm a perder.E nada a provar.A entrevista de ontem foi uma tentativa frustrada de comover a opinião pública.Do jeito que o Brasil está, com pais atirando seus filhos pela janela, como se fossem lencinhos usados, realmente não sei onde vamos parar.Em alguns momentos, o caso me remete ao caso de Daniela Perez.Também assassinada por um casal, Guilherme de Pádua e Paula Thomaz - sendo ele, colega de trabalho de Daniela e ela fonte primária de um ciúme perturbador, o crime também teve algumas "qualificações" que se aplicam ao caso como motivo torpe, impossilibilidade de defesa da vítima e meio cruel.Guilherme e Paula eram doentes à distância; tinham por exemplo os nomes um do outro, tatuados na genitália.Mas o que eu linko e acho que vai acabar acontecendo é o jogo de empurra.Logo um vai começar a acusar o outro, tal qual fizeram os dois psicopatas que mataram Daniela.Mas os Nardoni ainda dizem que são inocentes, completamente e que têm Deus por testemunha.De acusação?"Caso Isabella - Procura-se a terceira pessoaConforme os laudos periciais e supondo que acusados estão falando a verdade, o monstro que matou a menina [Isabella] pode ser assim descrito:* Possui as mãos frágeis de uma mulher e os braços fortes de um homem;*Consegue advinhar a localização de objetos como tesouras, facas e fraldas em locais desconhecidos;* Executa várias terefas simultâneas em minutos;* Consegue transpor portas e paredes;* Pode tornar-se invisível;* Não deixa pegadas ou rastros.Qualquer pista, informe a família Nardoni."(Comentário extraído de O Globo Online)
Postado por Paula Rego às 03:11


Extraído do Blog de Paula Rego